segunda-feira, 21 de junho de 2010

Obra de restauração está cortando árvores da praça





O Projeto Monumenta em Porto Alegre, desenvolvido pelo Ministério da Cultura, com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e Unesco, visa supostamente a restituir o visual da Praça da Alfândega ao seu original, do início do século XX, quando não se sabia ainda da importância das árvores no projeto urbano das cidades.

Para garantir esta discutível e dispensável “autenticidade”, o projeto cercou a praça (QUE SEMPRE FOI ABANDONADA PELA PREFEITURA) com um muro metálico de dois metros de altura e, assim escondido, dedicou-se a cortar sistematicamente mais de duas dezenas de árvores da praça, algumas centenárias.

O barulho execrável e ininterrupto das moto-serras, por dias, e a saída regular de caminhões do espaço cercado e trancado, carregando troncos e mais troncos de largo diâmetro, assim como a vista de cima, dão uma idéia da insensata e escondida destruição que lá dentro acontece.

Moro ao lado da praça e bem acima. Vejo com angústia crescente as clareiras se somarem em GRANDE VELOCIDADE, converso com os antigos frequentadores e transeuntes, artesãos e pequenos comerciantes ao redor, todos chocados e consternados com a velocidade e a extensão da destruição.

TODAS as árvores (algumas com mais de 30 anos) de AMBOS OS LADOS da avenida Sepúlveda, entre o MARGS e o Memorial, foram serradas e destruídas (sequer removidas a outro lugar). Dentro da praça, igualmente, os tocos dos troncos e os buracos atestam a destruição SEM PRECEDENTES das árvores lá plantadas, na CONTRAMÃO DA HISTÓRIA DO URBANISMO, em incompatibilidade com a qualidade de vida e o paisagismo esclarecido do século XXI, numa atitude burra, irrresponsável e INJUSTIFICÁVEL!!!

O Projeto Monumenta dá verbas para a “melhoria de praças e ruas” e eu gostaria de saber, o público desta cidade, os frequentadores desta praça TÊM O DIREITO de saber, em que este massacre insensato de árvores cuja copa garante ar puro e sombra versus a sujeira, a poluição e o calor massacrante do centro, aonde a palavra “MELHORIA” está prevista? Que melhoria é esta que destrói em grande escala a própria coisa que torna a praça um bem aos seus frequentadores. Ou eles acham que as pessoas lá vão pelos postes de luz? Pelo calçamento?

Todas as cidades em locais mais instruídos dedicam-se a criar espaços verdes ou aumentar os existents. Nossa prefeitura as destrói agora sob a desculpa de que vai criar um ambiente mais autêntico. Mas, se formos exigir autenticidade mesmo, que inundem aquela área, que antes pertencia ao rio. Ou que refaçam o espaço como era na chegada dos açorianos. Por que achar que o arbitrário autêntico é aquele em que não havia uma gestão
esclarecida do espaço da praça.

Por que a prefeitura não torna o centro mais humano e seguro fazendo coisas óbvias e sensatas, como exigir que a pavimentação das calçadas permita que idosos e crianças possam andar sem tombar diariamente nos milhões de buracos das calçadas (só para citar um MELHORIA necessária e ignorada pela prefeitura que decide investir o dinheiro destinado à melhoria da praça nesta sanha destruidora imperdoável)???

Conclamo as pessoas de bem, a mídia, aqueles com espírito responsável, aqueles com ética, bom-senso e espírito público, a protestarem e a interditarem este projeto insano que destrói um bem público necessário na suposta desculpa de recriar a estética arcaica e desnecessária às custas do bem-comum.


Postado por Juliana Bianchi em 21/06/2010
Fonte: Jornal Já www.jornalja.com.br/2010/04/19/documenta-destroi-dezenas-de-arvores-antigas-na-praca/

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